Câmara de Imperatriz aprova licença do prefeito Rildo e da vice Carol

Se ambos estiverem licenciados ao mesmo tempo, Adhemar Freitas Júnior assume interinamente até o retorno de pelo menos um dos titulares.

Em Imperatriz, na terça-feira, 15 de abril, a Câmara Municipal autorizou o afastamento do prefeito Rildo Amaral (PP) e da vice-prefeita Carol Pereira (União Brasil), previsto para o primeiro semestre de 2025. Segundo o artigo 28, inciso IX, da Lei Orgânica do Município, ausências superiores a 15 dias precisam de autorização legislativa. Caso contrário, os titulares podem perder o mandato.

Com a licença de ambos aprovada, a cidade se aproxima de um cenário raro: a possibilidade de o presidente da Câmara, vereador Adhemar Freitas Jr (MDB), assumir interinamente o comando da Prefeitura. Um movimento legal, mas carregado de peso político e histórico.

A legislação é clara: na ausência simultânea de ambos, o presidente da Câmara assume o Executivo até o retorno de ao menos um dos titulares. A decisão dos vereadores, portanto, cumpre rigorosamente a norma, garantindo a continuidade administrativa. No entanto, mais do que um trâmite burocrático, o momento pode marcar um ponto de virada na política local.

O peso do ineditismo nas gestões anteriores

Historicamente, Imperatriz não tem o hábito de ver o presidente do Legislativo assumir a Prefeitura. Essa transição sempre foi tratada com cautela, sendo normalmente exercida pelo vice-prefeito.

Em 2013, o então prefeito Sebastião Madeira transmitiu o cargo ao vice-prefeito Pastor Porto por um curto período, sem gerar maiores repercussões.

No ano seguinte, em abril de 2014, uma situação diferente exigiu uma nova substituição. Como Pastor Porto já era pré-candidato a deputado federal, não poderia assumir novamente a Prefeitura sem se tornar inelegível. Assim, coube ao presidente da Câmara, vereador Hamilton Miranda, assumir interinamente o comando do Executivo municipal. A posse ocorreu entre os dias 11 e 19 de abril, em ato público realizado pelo próprio prefeito Madeira, que destacou a relação de confiança e o gesto institucional.

Hamilton Miranda foi, portanto, o último vereador-presidente da Câmara a assumir oficialmente a Prefeitura de Imperatriz.

A partir de então, nas gestões seguintes, a cautela voltou a predominar. Entre 2017 e 2024, durante o governo de Assis Ramos, as ausências do titular foram sempre cobertas por seus vices — Alcemir Costa e Pastor Alex — em ocasiões pontuais.

Em 2024, porém, Imperatriz enfrentou um episódio inusitado. Em meio ao calendário eleitoral, o então prefeito Assis Ramos viajou em lua de mel. O vice-prefeito, Alcemir Costa, também se ausentou. Havia a suspeita de que ambos queriam evitar a interinidade para manter a elegibilidade. Na linha sucessória, caberia ao presidente da Câmara, Alberto Sousa (PDT), assumir. Mas, como também era candidato à reeleição, recusou-se a tomar posse. Há relatos de que ele teria deixado o país durante o período.

Sem prefeito, vice e presidente da Câmara, a cidade ficou sem liderança formal no Executivo. O caso gerou críticas públicas e expôs uma fragilidade institucional. O vereador Ricardo Seidel cobrou explicações, e a Câmara passou a discutir mudanças no regimento. Entre as propostas, está a de que, em situações semelhantes, o vereador mais velho assuma automaticamente o cargo de prefeito interino — projetos que não chegaram a ser apreciados.

A força da tradição política

Se confirmada a ausência simultânea dos titulares em 2025, Adhemar Freitas Jr assumirá o comando da cidade, repetindo um gesto institucional importante e reforçando a continuidade de uma trajetória política marcada pela atuação pública. Seu pai, Adhemar Freitas, também presidiu a Câmara e assumiu a Prefeitura, criando uma linha de legado que agora pode se repetir.

Advogado, procurador municipal e vereador reeleito com 2.718 votos, Adhemar Jr foi eleito presidente da Câmara para o biênio 2025–2026 com apoio unânime. Transita entre a tradição familiar e a renovação política, sendo reconhecido por sua atuação na defesa de pautas sociais e administrativas.

Um momento de atenção e expectativa

Embora ainda não esteja confirmada a coincidência das licenças, a cidade vive um clima de expectativa. A política também é feita de sinais e gestos. Se a interinidade de Adhemar Jr se concretizar, ela não será apenas o cumprimento de um dispositivo legal, mas o reflexo de uma mudança de postura institucional: o Legislativo assumindo, mesmo que temporariamente, o comando do Executivo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *